A VERDADE SOBRE O ÓLEO DE CANOLA
CANOLA – A grande fraude
Artigo de: Sally Fallon e Mary G. Enig, PhD
Óleo de canola é amplamente reconhecido como o mais sadio óleo para
salada e cozimento disponível para os consumidores. Ele foi
desenvolvido por hibridação da colza. O óleo de colza é tóxico porque
contém quantidades significativas de uma substância perigosa chamada de
ácido erúcico. O óleo de Canola contém somente traços de ácido erúcico e
seu perfil peculiar de ácidos graxos, rico em ácido oléico e reduzido
em gorduras saturados, o faz particularmente benéfico pela prevenção de
doença do coração. Também contém quantidades significativas de ácidos
graxos ômega – 3, que também têm mostrado serem benéficos à saúde. Isso é
que a indústria alimentar afirma sobre o óleo de canola.
Óleo de Canola é uma substância venenosa, um óleo industrial que
não pertence ao corpo. Contém “o infame agente do gás mostarda da guerra
química”, hemaglutininas e glicosídeos tóxicos; causa a doença da vaca
louca, cegueira, desordens nervosas, adesão de hemácias e depressão do
sistema imunológico. Isso é o que falam os detratores do óleo de canola e
me incluo nestes!
HISTÓRIA OCULTA
Vamos começar com um pouco de história. O período de tempo é o
meados da década de 1980 e a indústria alimentar está tendo um problema.
Em coordenação com a Associação Americana do Coração (American Heart
Association), com numerosas agências governamentais e com departamentos
de nutrição das principais universidades, a indústria vinha promovendo
os óleos poliinsaturados como uma alternativa saudável para o coração em
relação às gorduras saturadas “obstruidoras de artérias”.
Desafortunadamente, estava vez ficando mais claro que os
poliinsaturados, particularmente o óleo de milho e o óleo de soja,
causariam numerosos problemas de saúde, inclusive e especialmente o
câncer.1
A indústria estava amarrada. Não poderia continuar utilizando
quantidades grandes de óleos poliinsaturados líquidos e proclamarem seus
saudáveis predicados face às evidências que acabariam por demonstrar
seus perigos. Mas esses mesmos fabricantes não podiam retornar ao
emprego tradicional e saudável de gorduras saturadas – manteiga,
toicinho, banha, gordura de coco e óleo de palma – sem causar um
alvoroço. Além disso, essas gorduras têm um alto custo para as
implacáveis margens de lucro da indústria.
A solução foi abraçar o uso de óleos monoinsaturados, tal como o
óleo de oliva (azeite). Estudos tinham mostrado que o óleo da azeitona
tem um efeito “melhor” do que os óleos poliinsaturados nos níveis de
colesterol e em outros parâmetros do sangue. Além disso, Ancel keys e
outros promotores da idéia da dieta cardíaca (diet-heart Idea)
tinham popularizado a noção que a dieta do Mediterrâneo – rico em azeite
em conjunto com imagens de uma existência despreocupada sob o sol
daquelas ilhas – protegeria contra a doença cardíaca e assegurava uma
vida longa e saudável.
O Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue (NHLBI) patrocinou o
Primeiro Seminário sobre Monoinsaturados da Philadelphia. A reunião foi
presidida por Scott Grundy, um prolífico escritor e apologista da noção
de que o colesterol e as gorduras de origem animal causam doença do
coração. Aqui um dos primeiros GRANDES erros da história da medicina
moderna, pois a população está pagando o preço desta informação infame a
qual tantos profissionais de saúde continuam aceitando e divulgando.
Mas os representantes da indústria de óleo comestível, incluindo a
Unilever, estavam presentes. O Segundo Seminário sobre Monoinsaturados
tomou lugar em Bethesda, Maryland, no início de 1987. O dr. Grundy foi
associado a Claude Lenfant, cabeça do NHLBI, e os oradores incluíam Fred
Mattson, que tinha passado muitos anos na Proctor e Gamble, e o
cientista Holandês Martign Katan, que mais tarde viria a publicar
pesquisas que mostravam os problemas com os ácidos graxos “trans”. Nessa
época os artigos que exaltavam as virtudes de óleo de oliva começavam a
aparecer na imprensa popular.
O problema para a indústria é que não haveria azeite suficiente no
mundo para atender suas necessidades. E, como a manteiga e outros
gorduras tradicionais, o óleo da azeitona seria também bem mais caro
para utilização em alimentos processados. A indústria precisaria de um
óleo monoinsaturado menos dispendioso.
O óleo de colza (Rapeseed oil) era um óleo monoinsaturado que tinha
sido usado extensivamente em muitas partes do mundo, notavelmente na
China, Japão e Índia. Contém quase 60% de ácidos graxos monoinsaturados
(comparado aos quase 70 por cento do azeite). Desafortunadamente,
quase dois terços dos ácidos graxos monoinsaturados da colza é ácido
erúcico, um ácido graxo monoinsaturado com 22 carbonos, que está
associado com a doença de Keshan, caracterizada por lesões fibróticas do
coração.
CRIANDO O MARKETING
Em 1978, a indústria firmou o termo “canola”, para o “Óleo
canadense” (Canadian Oil), uma vez que essa nova colza foi originada no
Canadá. “Canola” também soava de forma semelhante a expressões positivas
na língua inglesa: “can do” and “payola” – muito favoráveis na
linguagem do jargão do marketing. Entretanto, o nome novo não emplacou
até o início da década de 90.
O desafio inicial para Conselho Canadense da Canola seria o fato de
que a colza não tinha recebido o status de GRAS (Geralmente reconhecido
como seguro) pelo FDA americano (Administração de Alimentos e
Medicamentos, órgão que regula a liberação de alimentos e medicamentos
nos EUA, NT.) Uma mudança na regulamentação seria necessária antes que a canola pudesse ser comercializada nos Estados Unidos. 4 Precisamente
como isso aconteceu não foi revelado, mas o status de GRAS foi
concedido em 1985, pelo qual, existe rumores, de que o governo Canadense
teria gasto 50 milhões de dólares pela liberação.
Como a canola foi dirigida ao crescente número de consumidores
preocupados com sua saúde, as técnicas de marketing teriam que ser mais
sutis do que as técnicas de propaganda televisa dos “junk foods”. A
indústria teria que administrar o manejo do perfeito casamento entre a
ciência com o óleo canola – reduzido teor de gordura saturada e rico em
monoinsaturados. Adicionalmente, o óleo de canola contém mais de 10% de
ômega-3, a descoberta mais recente que os nutricionistas tinham
estabelecido. A maioria dos americanos são deficientes em ômega-3, um
ácido graxo que tinha sido demonstrado como benéfico para o coração e
para o sistema imunológico. O desafio seria como comercializar este
ácido graxo, um verdadeiro “sonho que virou realidade”, para os
consumidores mais esclarecidos.
O óleo Canola começou a aparecer nas receitas de livros de saúde
afiados, como o de Andrew Weil e Barry Sears. A técnica foi exaltar as
virtudes da dieta do Mediterrâneo e do azeite (de oliva) no texto, e
então listar “óleo de oliva ou óleo de canola” nas receitas. Um
informante na indústria da editoração nos disse que desde os anos 90 os
maiores editores não iriam aceitar livros de receitas, se eles não
incluíssem canola como ingrediente.
A estratégia da indústria da canola – conferências científicas, promoção para consumidores diferenciados através de livros como The Omega Diet e
de artigos em seções de saúde de jornais e revistas – obteve êxito. No
final dos anos 90 a canola tinha voado alto, e não apenas nos EUA.
Atualmente China, Japão, Europa, México, Bangladesh e Paquistão, todos
compram quantidades significativas. A canola cresce bem em ambientes
áridos tais como a Austrália e as planícies Canadenses, onde se tornou
na principal lavoura econômica. É o óleo de escolha em mercados de
alimentos saudáveis como o Fresh Fields (comidas integrais), e
cresce como item de supermercado. É comumente utilizado em margarinas
sendo amplamente recomendado para redução do colesterol. A canola
hidrogenada é utilizada cada vez mais em frituras, especialmente em
restaurantes.
PERIGOS
Artigos relacionados com os perigos do óleo de colza são rampantes
na Internet, a maior parte originado de um artigo, “Cegueira, doença da
Vaca Louca Doença e o óleo Canola (Blindness, Mad Cow Disease and Canola Oil)” de John Thomas, que apareceu na revista Perceptions, de março/abril de 1996.
Glicosídeos ou glicosinolatos (compostos que produzem açúcar pela
hidrólise) são encontrados na maior parte dos membros da família
brassica, incluindo brócolis, couve, repolho e nas mostardas. Eles
contêm enxofre (não arsênico), o que dá um aroma picante aos vegetais
tipo as mostardas e as crucíferas. Estes compostos são goitrogênicos
(provocador de bócio, na tireóide, NT.) e devem ser neutralizados pelo
cozimento ou pela fermentação. Como os alimentos à base de colza têm
altas taxas de glicosídeos, não poderia ser usados em quantidades
grandes como ração para animais.
As hemaglutininas, substâncias que promovem a coagulação do sangue e
que prejudica o crescimento, é encontrado na porção protéica da
semente, embora vestígios podem aparecer no óleo.
OS ESTUDOS
Os primeiros estudos publicados sobre o novo óleo foram
desenvolvidos em 1978 com recursos de pesquisa da Unilever na Holanda e
obviamente não trariam informações ruins a respeito deste produto
desenvolvido por eles próprios, não é mesmo? Em estudos iniciais, os
animais alimentados com colza com altas taxas de ácido erúcico mostraram
retardo de crescimento e mudanças indesejáveis em vários órgãos,
especialmente o coração, uma descoberta que provocou a assim chamada
“crise do ácido erúcico” o que impeliu os geneticistas da planta a
desenvolver versões novas da semente.
Por último, estudos empreendidos nas Divisões de Pesquisa de Saúde e
Toxicologia de Ottawa, Canadá, descobriu que ratos criados para terem
pressão do sangue elevada e propensos ao acidente vascular cerebral têm
uma expectativa de vida menor quando são alimentados com o óleo de
canola sendo a única fonte de lipídios. Os resultados de um estudo
posterior sugeriram que o culpado seria um composto esteróide do óleo,
que “tornaria a membrana celular mais rígida” e contribuindo para o
encurtamento da vida dos animais.
Todos estes estudos apontam na mesma direção – que o óleo de
canola definitivamente não é saudável ao sistema cardiovascular. Como o
óleo de colza, seu predecessor, o óleo canola está associado com lesões
fibróticas no coração. Também causa deficiência de vitamina E, mudanças
indesejáveis nas plaquetas, e encurta a expectativa de vida de ratos
(propensos ao derrame), quando esse óleo é a única fonte lipídica da
dieta. Além disso, parece retardar o crescimento, o que faz com que o
FDA não permita o uso de óleo de canola em fórmulas infantis.19 (Fórmulas infantis comerciais vendidas no Brasil, como o NAN®, da Nestlé, têm óleo de canola em sua composição, NT.). Um verdadeiro absurdo, não é mesmo?
Quando gorduras saturadas são adicionados à dieta, os efeitos
indesejáveis de óleo canola são suavizado, por incrível que pareça, pois
tudo o que nós sempre ouvimos falar é que gordura saturada faz mal, mas
já escrevi um artigo demonstrando que esta informação é completamente
equivocada.
PROCESSAMENTO
Uma grande parte do óleo de canola utilizado nos
alimentos processados foi “endurecida” através do processo de
hidrogenação, o que introduz altos níveis de ácidos graxos trans no
produto final, algo em torno de 40%. De fato, os hidrogenados do óleo
canola são muito atrativos, pois são melhores que os óleos de milho e de
soja, uma vez que os modernos métodos de hidrogenação tem ação
preferencial sobre o ômega – 3, e o óleo de canola é rico em ômega – 3.
Esses níveis mais altos trans significam vida mais longa para
esses alimentos processados nas prateleiras, uma textura crocante nos
biscoitos e nas bolachas – e mais riscos de doença crônica ao
consumidor.
O MITO DOS MONOINSATURADOS
A aceitação pelo consumidor do óleo de canola representa uma entre
uma série de vitórias da indústria de alimentos processados, cuja meta é
a substituição de todos os alimentos tradicionais pelos alimentos de
imitação, originados a partir de produtos derivados da soja, do milho,
do trigo, e outras sementes oleaginosas. O óleo de canola veio a salvar a
indústria uma vez que a promoção de óleos poliinsaturados, como soja e
milho, foi se tornando cada vez mais insustentável. Os cientistas
poderiam endossar o óleo canola com boa intenção, como se fosse um óleo
saudável para o coração, com suas reduzidas taxas de gordura saturada,
com suas altas taxas de monoinsaturados e por ser uma boa fonte de
ômega-3.
Mas a maior parte do ômega–3 do óleo de canola é transformado em gorduras trans durante o processo de desodorização; e pesquisas continuam a provar que a gordura saturada é necessária e altamente protetora.
O excesso de ácido oléico (o tipo de ácido graxo monoinsaturado do
azeite e do óleo canola) cria desequilíbrio a nível celular que pode
inibir a produção de prostaglandinas. Em um estudo, o consumo excessivo
de gordura monoinsaturadas estaria associado com um risco aumentado de
câncer de mama.
Sobre as autoras:
Mary G. Enig, PhD é a autora de “Know Your Fats: The Complete Primer for Understanding the Nutrition of Fats, Oils, and Cholesterol, Bethesda Press, maio, 2000.Peça sua cópia no site: www.enig.com/trans.html.
Sally Fallon é a autora de Nourishing Traditions: The Cookbook that Challenges Politically Correct Nutrition and the Diet Dictocrats, e “Eat Fat, Lose Fat” (juntamente
com M. Enig, PhD), além de um grande número de artigos sobre dietas e
saúdes. Ela é a presidente da Weston A. Price Foundation e fundadora da
campnah pelo leite bruto integral (A Campaign for Real Milk).
Ela é a mãe de quatro crianças saudáveis nutridas com alimentos
integrais como manteiga, nata, ovos e carne.
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